IV Simpósio da RGV Nordeste
A Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste (RGV-NE) promoveu o seu IV Simpósio de 11 a 14 de novembro de 2019, na cidade de Areia, município do Parque Estadual da Mata do Pau de Ferro, no Brejo Paraibano. A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) foi a sede do evento que teve como parceiros as Unidades da EMBRAPA (Algodão, Tabuleiros Costeiros, Alimentos e Territórios), o Instituto Nacional do Semiárido (INSA), a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e a Empresa Paraibana de Pesquisa e Extensão Rural (EMPAER).
O Simpósio apresentou como tema “Conservação e Utilização Sustentável dos Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste” e a programação, construída com a colaboração das Instituições parceiras, considerou as metas firmadas no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, do qual o Brasil é signatário, as diretrizes da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), o Tratado Internacional sobre os Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e a Agricultura (TIRFAA), firmado no âmbito da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e as recomendações oriundas das discussões da Conferência das Partes (COP). Vale ressaltar que os ODS e as metas foram trabalhadas pelas Instituições parceiras do evento e foram consideradas na seleção do tema e na programação do Simpósio, considerando que esta é uma importante oportunidade e adequado fórum para discutir os desafios ao desenvolvimento. Nesse contexto, foram consideradas, por exemplo, a elaboração de estratégias voltadas à manutenção da diversidade de sementes e plantas cultivadas, inclusive por banco de sementes, estratégias para minimizar perdas da agrobiodiversidade frente à necessidade de resposta global à mudança climática, assim como as estratégias para gestão e uso sustentável dos recursos genéticos.
Há, na região Nordeste, mais de 28 mil acessos conservados em bancos de germoplasma, mantidos em câmaras frias e coleções de campo. Há, também, instituições capacitadas para conservar e tecnicamente acessar a variabilidade genética reunida, além da existência de cursos de pós-graduação e graduação que podem treinar estudantes para desenvolver os trabalhos na área. Além do germoplasma conservado ex situ é também preciso considerar o papel histórico dos agricultores tradicionais na geração e inovação em agricultura, por meio do seu papel na seleção, uso e consequentemente, adaptação dos cultivos às inúmeras condições climáticas e ambientais. Nesse sentido, a rede de sementes da Articulação do SemiÁrido (ASA), vem desenvolvendo há algumas décadas, no Estado da Paraíba, um trabalho orientado para identificação, resgate e conservação da agrobiodiversidade manejada pelos agricultores familiares que pode servir de modelo para o País.
Atualmente são mais de 1000 bancos de sementes no Semiárido do Nordeste, sendo 200 bancos no semiárido paraibano. Nessa quarta edição do Simpósio considerou-se as experiências e os trabalhos desenvolvidos com os Bancos de Sementes Comunitários da Paraíba (BSCs), organizados pelos agricultores familiares e suas comunidades do Semiárido do Nordeste brasileiro. Uma meta do simpósio foi alertar para a necessidade de valorização das espécies ameaçadas de extinção e estratégias de planos de manejo, particularmente no bioma Caatinga. Também foram apresentados dados que relatam o cenário atual e os desafios para a conservação da diversidade genética presente nos quatro biomas da região nordeste do Brasil – o Amazônico, a Caatinga, o Cerrado e a Mata Atlântica, este último, embora seja considerado um dos hotspots da variabilidade, é também o mais antropizado e alterado, restando apenas 8% da sua área original.
O evento promoveu espaço para que estudantes, professores, agricultores, cientistas, formuladores de políticas e organizações não-governamentais (ONGs) discutissem o tema, por meio de sessões que estavam relacionadas a estratégias para conservação e o desenvolvimento local sustentável da agrobiodiversidade; estratégias de inovação para acessar os recursos genéticos para alimentação considerando, inclusive, as plantas subutilizadas e os novos costumes alimentares. O evento também contou com ações de divulgação do tema com exposição de vitrines tecnológicas e venda de produtos derivados do uso dos recursos genéticos.
Os 140 trabalhos aceitos para apresentação no evento foram publicados em uma edição especial da Revista RG News. Acesse: ANAIS IV SIMPÓSIO RGV-NE
Ciência e Arte: A arte do IV Simpósio da RGV Nordeste foi criada pelo renomado xilogravador e cordelista Marcelo Soares. Confira mais informações sobre o artista (anexo).
Local do evento: Areia foi a principal povoação do Brejo Paraibano do final do século XVIII ao início do século XX. A sua campanha abolicionista foi das mais intensas, destacando-se a Mocidade Emancipadora Areiense. A propósito, foi a segunda cidade do país e a primeira da Paraíba a libertar seus escravos, dez dias antes da proclamação da Lei Áurea.
Localizada a mais de 600 metros de altitude, no topo da Serra da Borborema, na região conhecida antigamente como Sertão do Bruxaxá (“terra onde canta a cigarra”), Areia possui um clima ameno durante todo o ano, mas no inverno a temperatura pode baixar a 14°C, o que lhe rendeu o cognome de Suíça Paraibana e lhe colocou na Rota Cultural Caminhos do Frio. A cidade está situada próxima aos dois maiores centros urbanos da Paraíba, Campina Grande (50 km) e João Pessoa (130 km), sendo interligadas por ótimas rodovias. Confira mais informações sobre a cidade (anexo).